quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aconchego



Há momentos em que tudo o que a gente precisa é dar colo para o próprio coração.
 Aconchegá-lo. Deixar que perceba que naquele instante todas as outras coisas podem nos esperar um pouco; ele, não.
 Ele é o nosso rei e o nosso reino. O papel para desenho e a caixa de lápis de cor. A música e a orquestra. Nossa bússola e nosso mar.
 A flor, o pólen, a borboleta, ao mesmo tempo. A colméia e o mel. O centro onde tudo principia e para o qual tudo converge.
 Ele não pode esperar.
O coração da gente gosta de atenção. De cuidados cotidianos. De mimos repentinos. De ser alimentado com iguarias finas, como a beleza, o riso, o afeto.
 Gosta quando espalhamos os seus brinquedos no chão e sentamos com ele para brincar.
 E há momentos em que tudo o que ele precisa é que preparemos banhos de imersão na quietude para lavarmos, uma a uma, as partes que lhe doem. É que o levemos para revisitar, na memória, instantes ensolarados de amor capazes de ajudá-lo a mudar a frequência do sentimento. Há momentos em que tudo o que precisa é que reservemos algum tempo a sós com ele para desapertá-lo com toda a delicadeza possível. 
Ana Jácomo

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