terça-feira, 12 de março de 2013

Amor maduro


O que acontece quando uma flor floresce numa floresta densa sem ninguém para apreciar isso, ninguém para tomar conhecimento de sua fragrância, ninguém para passar e dizer “que bela!”, ninguém para sentir-lhe a beleza, a alegria, ninguém para partilhar — o que acontece à flor? Morre? Sofre? Fica apavorada? Comete suicídio?

Ela continua a florescer, simplesmente continua a florescer. Não faz nenhuma diferença se alguém passa ou não; isso é irrelevante. Ela continua espalhando sua fragrância aos ventos. Continua a oferecer sua alegria a Deus, ao todo.


A pessoa madura tem integridade para ficar sozinha. E quando uma pessoa madura dá amor, faz isso sem nenhuma amarra que a ate — ela simplesmente dá. Quando a pessoa madura dá amor, ela se sente grata pelo fato de você ter aceitado o amor dela, não vice-versa. Ela não espera que você seja grato por ele 

— não, de forma alguma; ela nem sequer precisa dos seus agradecimentos. Ela é grata a você por você ter aceitado o seu amor.

E quando duas pessoas maduras estão apaixonadas, um dos maiores paradoxos da vida acontece, um dos fenômenos mais belos: elas estão juntas e ainda se sentem imensamente sós. Estão de tal modo juntas que são quase uma única pessoa; mas sua unidade não destrói a sua individualidade — na realidade, aumenta-a, elas se tornam mais individuais.

Duas pessoas maduras e apaixonadas se ajudam uma à outra para se tornarem mais livres. Não há nenhuma política envolvida, nenhuma diplomacia, nenhum esforço para dominar.

Como você pode dominar a pessoa que você ama? Reflita sobre isso — a dominação é um tipo de ódio, de raiva, de inimizade. Como você pode pensar em dominar a pessoa que você ama? Você adoraria ver essa pessoa totalmente livre, independente; você lhe daria mais individualidade.

Eis por que eu chamo a isso de o maior paradoxo: elas se sentem tão unidas, que são quase uma pessoa, mas ainda nessa unidade elas são indivíduos. A individualidade delas não é desfeita - aumentou. O outro a enriqueceu no que concerne à liberdade.

As pessoas imaturas que se apaixonam destroem a liberdade uma da outra, criam uma forma de servidão, uma prisão.Pessoas maduras e apaixonadas se ajudam a ser livres; se ajudam mutuamente a destruir todos os tipos de escravidão. E quando o amor flui com liberdade, há beleza. Quando o amor flui com dependência, há feiúra.

E sem liberdade você nunca pode ser feliz, não é possível. A liberdade é o desejo intrínseco de cada homem, de cada mulher - a liberdade absoluta, a liberdade total. Assim, qualquer coisa que se torne nociva à liberdade é alvo de ódio para a pessoa.

O amor, para ser realmente amor, tem de ser “amor-ser”, “amor-dádiva”. O “amor-ser” significa um estado de amor — quando você chegou em casa, quando você soube quem você é, então o amor aflora no seu ser. A fragrância se espalha e você pode dá-la aos outros.

Como você pode dar algo que não tem? Para dar amor, a primeira exigência básica é ter amor.



Osho, em "Maturidade:

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